Carta para Micaela,

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18/01/2017.

Os filhos seguintes? Ah, você acredita que já aprendeu tudo o que deveria, mas descobre que todas as descobertas não farão mais tanto sentido, porque tudo terá que ser redescoberto outra vez.

Eles nos ensinam a dividir, os outros filhos e a nós mesmos. Instruem-nos a auto-aceitação, a nos perdoarmos e a nos enxergarmos como humanos que somos. Eles nos ensinam também a ensinar, já que precisamos ensinar ao outro filho a esperar e a dividir. 


Mas mais do que tudo, um filho nos ensina o maior dos ensinamentos. Aprendemos que é possível amar alguém muito mais do que a nós mesmos e os colocar anos luz às nossas necessidades e carências. Mesmo que não seja fácil. Mesmo que essa entrega doa às vezes.

E assim foi com você filha. Você chegou desconstruindo o meu maternar, desconstruindo teorias e conceitos… Desconstruindo as minhas expectativas.
Desmoronou tudo que eu sabia sobre ser mãe, sobre achar ter experiência, sobre ter tudo sob controle, sobre ser uma mãe e esposa.
Quando alguém me falava que era difícil não dormir eu não compreendia.
Você desconstruiu o fácil, mudou a rotina.

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SER TIA É AMAR UMA PESSOINHA QUE NÃO É NOSSA, MAS A QUEM NÓS PERTENCEMOS

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A maioria das pessoas dizem que ser tia é das melhores coisas do mundo, e que só tem coisas boas nisso. Eu só tenho que concordar, pois desde que comecei a ser tia a minha vida mudou completamente, passei a dar mais importância e valor a coisas, gestos e momentos, passei a querer dar sempre o meu melhor para eles e com eles, ser tia é a eterna tentativa de ser absolutamente tudo para alguém.

Ser tia, é ganhar o maior presente do teu irmão ou da tua irmã, aquele a quem demos “cabo da cabeça e paciência” a vida inteira, e só ter que amar aquele serzinho mais e mais todos os dias, ser tia faz pensar como é ser mãe, só que sem tanta pressão e responsabilidade.

Ser tia é rir do teu irmão ou irmã quando eles estão ainda sem jeito de pegar e carregar aquele bocadinho de gente, e pensar que: “não deve ser tão difícil assim”. Até que chega o momento de sermos nós a pegar nele ao colo, de o segurar nos nossos braços e percebemos que temos o mundo no nas nossas mãos braços, e trememos, tentando disfarçar a falta de experiência.

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CARTA PARA UMA AVÓ

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Mãe. Me disseram que eu te entenderia quando eu fosse mãe. Não vou mentir, não foi assim que aconteceu. Eu achei até fácil trocar uma fralda, dar banhos, mas mãe… Eu lembrei de você na primeira birra no meio da rua. Chorei e choro em muitas madrugadas em claro, com bebê no colo e exausta, pensando em como você sobreviveu àquilo tudo.

Me sinto tão fraca e você me parece tão forte.
Eu entendi o que você sentiu ao me ver em um hospital após meu acidente quando me vi impotente velando uma criança com febre.
Eu pensei em você quando eu não soube responder uma pergunta, vi seus olhos cansados quando uma criança me pedia colo enquanto eu cozinhava. Cada dia que tento faxinar a casa com as duas me seguindo, lembro de você acordando antes das 5 da madrugada só para poder fazer as coisas em paz e silêncio e dar conta de tudo.

Eu achava que você não se importava comigo, quando me dizia NÃO, e hoje eu sei que os nãos mostravam mais o seu amor do que um afobado sim.

Eu não tinha ideia de todas as despesas de uma casa. Mais ainda, eu não tinha idéia do quanto é difícil manter uma casa. Financeiramente e em harmonia.

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MÃES NÃO SÃO TODAS IGUAIS

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Ouso discordar de um dos ditados mais ouvidos e falados por aí.
Tá bom que alguns sentimentos até tornam as mães parecidas umas com as outras, mas mãe não é tudo igual!

Cada mãe assim como cada bebê são únicos, tem anseios e necessidades diferentes e precisamos respeitar isso.

Tem mãe que põe o filho pra dormir desde o seu primeiro dia em casa no bercinho no quartinho preparado para ele, algumas se sentem mais seguras em fazer isso quando o bebê já está um pouco maior, outras praticam a cama compartilhada até quando o filho quiser e se sentir seguro para ir pro seu próprio quarto.

Tem mãe que é natureba e a questão alimentar do seu filho é de extrema importância, tem outras que consideram sim importante uma alimentação saudável mas já não são tão rigorosas assim, e tem mãe que é totalmente liberal nesse sentido.

Tem mãe que prefere usar fralda de pano, outras que não abrem mão da fralda descartável. Tem mães que fazem da amamentação uma questão de vida ou morte, outras que consideram importante sim amamentar, mas se não for possível tudo bem leites artificiais estão aí pra isso mesmo.

Tem mãe que deixa o bebê engatinhar em qualquer lugar e brincar com objetos que estão no chão, tem mãe que prefere esterilizar cada brinquedo do filho. Tem mãe que incentiva no filho uma brincadeira mais arriscada tentando encorajá-lo, já outras que tem um mini enfarto só de imaginar seu bebê descendo alguns degraus.

Tem mãe que considera mais importante ficar em casa com seu bebê nos seus primeiros anos de vida, outras que sentem falta da carreira e não se imaginariam uma boa mãe se anulassem uma parte importante delas mesmas.

Tem mãe com paciência de Jó que acolhe cada choro, outras que até tentam mas logo baixa uma Rochelle e já sai gritando feito louca pela casa. Mães que sentem falta do corpo e da boa forma de antes da gravidez e mães que não consideram isso tão importante. Mães que sentem falta da balada com as amigas, ou uma tarde no salão de beleza, outras já não ligam pra isso.

Mães que ficam numa boa longe da cria e que tudo bem se seu filho vai dormir na casa da vovó, outras que nem sequer podem imaginar uma noite sem o seu “bebê” em casa.

Mães que sobrevivem bem com seu bebê doente, controlam sua febre, sabe que remédio pode dar, outras que ao menor sinal de um resfriado já corre marcar consulta com o pediatra.

Mães que se culpam e se cobram e mães que levam uma maternidade mais leve.

Mães que preferem brinquedos montessoriano, escola c metodologia Waldorf, outras já preferem uma escola bilíngue e outras só põe mesmo o filho na escola quando é obrigatório.

As diferenças são imensas, e não há problema nenhum nisso. Cada mãe tenta desempenhar o seu papel da melhor maneira possível, superando seus limites diariamente, não precisamos fazer o que outras mães fazem e não concordamos, mas precisamos sim ter respeito e empatia com cada uma delas, afinal cada mãe é única, mas a maternidade é uma ferida aberta para todas nós.

Por Paula de Souza

O TOPO DA MONTANHA

TEXTO TOPO DA MONTANHA

A maternidade é como escalar uma alta montanha. Por mais que você planeje ou até já tenha muita experiência e boa bagagem, nenhuma subida será igual à outra. Mudam a paisagem, os caminhos, o clima e as adversidades. Até você muda, já não é mais a mesma que outrora a escalou.

Aquela é a sua subida, e às vezes ali, naquele ambiente inóspito e nunca antes vivido, você se sente solitária e esgotada, mesmo que no geral, você tenha um equipe e não esteja sozinha.

Mas por mais que você seja a líder, muito do sucesso da escalada proverá da maneira como, mutuamente, um apoiará o outro nessa jornada.

Avalanches vem aí. E não, você não tem controle algum sobre elas. Não importa quantos livros ou estudos tenha feito, ninguém controla a natureza, muito menos os filhos.

Tempestades também surgem, ora brandas ora tão fortes que carregam você e as barracas para longe, você, que já sentia que já tinha caminhado tanto.

Mas, assim como numa escalada, ela só será prazerosa se aprendermos a apreciar todas as horas e não somente o momento da chegada. É preciso aprender a colocar um sorriso no rosto e encarar tudo com mais leveza, mesmo quando a casa (e até a sua cabeça) está um caos. Quando tudo está agitado do lado de fora, você precisa acalmar do lado de dentro.

Quando a impaciência começa a falar mais alto que o seu amor, é preciso falar para si mesma que você realmente não tem controle sobre noites em claro ou birras, mas detêm sim o controle de suas próprias emoções.

Esses dias mais difíceis são o dia a dia de toda mãe, e basicamente todo o percurso da escalada, porque o topo, a vitória e aquela linda paisagem na verdade não são o ápice, mas apenas o resultado de toda uma árdua subida. A diferença está no modo como encaramos nossa escalada nessa montanha imensa de amor e medos que é a tal da maternidade.

Por Lucinha Marinzek